Que o YouTube anda mudando suas políticas e regras com relação ao uso de inteligência artificial, isso já não é novidade. No entanto, a mudança mais recente diz respeito aos avisos que os criadores devem fornecer para os usuários, a partir de agora, a fim de evitar que as IAs enganem o público.
Basicamente, a partir de agora os criadores que utilizarem IAs nos vídeos, devem sinalizar se elas são “realistas” ou “sintéticas”. Além disso, a exibição de selos na tela para informar os espectadores sobre isso também deve ser implementada nos próximos dias.
Comunicado do YouTube
Em uma postagem feita na última terça-feira (14) no seu blog oficial, a plataforma de vídeos lembra que já tem políticas que proíbem vídeos com conteúdos manipulados feitos com o intuito de enganar a comunidade, mas que as IAs representam um novo perigo nesse sentido, por isso a necessidade de novas medidas.
“Para resolver esta preocupação ao longo dos próximos meses, introduziremos atualizações que informam aos espectadores quando o conteúdo assistido por eles é sintético.”
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“Especificamente, vamos exigir que os criadores revelem quando geraram conteúdo realista sintético ou alterado, inclusive com o uso de ferramentas de IA”, continua a plataforma.
Selos serão mostrados para a comunidade
Para alertar os usuários nestas situações, a plataforma deve usar selos com a frase “Altered or synthetic content” (“Conteúdo sintético ou alterado”).
Esses selos vão aparecer de duas formas: uma etiqueta na descrição do vídeo demonstrando como o conteúdo foi feito, ou em cima do próprio vídeo em caso de publicações sobre assuntos sensíveis.
No entanto, o YouTube avisa que a existência desses selos identificando material gerado ou alterado por IA não é uma autorização para que qualquer tipo de vídeo seja publicado por lá. A empresa garante que as regras de comunidade ainda valem e conteúdos que violarem as normas serão removidos.
“Por exemplo, um vídeo criado sinteticamente que mostra violência realista ainda pode ser removido se o seu objetivo for chocar ou nojar os espectadores”, explica o site.
É bom relembrar que, pelo fato da obrigação de identificar um vídeo com IA seja do criador de conteúdo, é natural esperar que a violação dessa regra traga algum tipo de prejuízo ao canal.
O YouTube tem desenvolvido nos últimos tempos diversos recursos de inteligência artificial para criadores de conteúdo, e até para resumir comentários, mas ainda não está claro se alguma tecnologia vai identificar materiais não sinalizados como deveriam, ou se isso vai depender das denúncias feitas pelos espectadores.
Outras regras
As novas regras do YouTube para IA também permitem que pessoas que apareçam sem autorização em vídeos feitos artificialmente possam pedir que o conteúdo seja tirado do ar.
Imagine que alguém fez um vídeo com sua imagem gerada sem autorização por uma IA. Desagradável para dizer o mínimo, não? pois é para impedir isso que essa nova regra serve.
Os artistas musicais também poderão pedir a retirada de conteúdos musicais feitos por inteligência artificial, que “imitam” o seu jeito de cantar.
Você já deve ter visto algum vídeo por aí de personalidades como Bruno Mars cantando um sertanejo em português, por exemplo. Os artistas que não quiserem que essa situação se repita poderão então solicitar a remoção dos vídeos.
Por fim, o YouTube ainda garante que a solicitação de remoção não será atendida em todos os casos, mas que a empresa vai considerar “uma variedade de fatores” para tomar uma decisão, incluindo se o vídeo é uma sátira ou paródia, no caso das imagens, e conversas com distribuidoras e gravadoras no caso das músicas.