Em 2019, após ter seu acesso ao sistema Android banido por questões comerciais, a Huawei anunciou o HarmonyOS: um sistema operacional que tem como objetivo ser compatível com uma variedade de dispositivos, como smartphones, tablets, smartwatches, televisões e painéis de carro.
A principal finalidade deste projeto é permitir a integração mais simples e eficiente entre esses aparelhos.
A integração não se limita apenas a funções, mas também permite que o usuário receba chamadas em seu tablet usando seu celular e transfira aplicativos. O sistema é bem fácil de usar e similar a Apple no ecossistema.
Android reina absoluto na china com iOS em segundo lugar
O HarmonyOS e outras plataformas somam atualmente menos de 1% do mercado chinês. E se eu for atentar para este cenário, me parece improvável que o sistema operacional da Huawei consiga superar o iOS e chegar ao segundo lugar na China.
Mas alguns dados apresentados, indicam que apesar de todas as dificuldades, a Huawei tem conseguido expandir a comercialização de smartphones com o sistema HarmonyOS incorporado, o que resultou em um aumento da participação de mercado do software nos últimos meses.
Além disso, com a introdução do HarmonyOS Next neste ano, a Huawei tornará seu software completamente independente dos aplicativos desenvolvidos para o Android, o que irá reforçar ainda mais sua posição com um novo sistema operacional completo.
Por que o Harmony existe apesar do Android?
Alguns indícios mostram que o HarmonyOS está sendo desenvolvido desde 2012. É possível sugerir que a Huawei não estava com pressa para finalizar o projeto, já que apenas em 2019 o projeto começou a ser tratado como prioridade apenas após os problemas envolvendo a China e os EUA.
Na época, a Huawei estava na mira do governo dos Estados Unidos. A administração do então presidente Donald Trump colocou a companhia em uma lista de organizações que ameaçam a segurança do país.
A principal razão, de acordo com as autoridades dos Estados Unidos, é de que a Huawei (junto com outras empresas chinesas) fornecia equipamentos para organizações americanas que coletavam informações confidenciais. Supostamente, esses dados eram então repassados ao governo chinês.
Dito isso, as consequências foram graves. Empresas americanas não podem fazer negócios com empresas nesta lista, a menos que tenham permissão. Logo a Huawei não poderia mais receber componentes da Qualcomm para produzir celulares. E por fim, a restrição mais rígida é sobre o Android, considerando que a Huawei não tem mais acesso aos aplicativos do Google.
Quando a Huawei divulgou o HarmonyOS como um sistema para vários dispositivos, não estava exagerando. A primeira versão do sistema foi lançada principalmente para smart TVs e para o roteador Huawei WiFi AX3, de acordo com o que foi explicado pelo Tech Advisor.
O HarmonyOS 2 foi a primeira versão a ser executada nos smartphones da marca, como nos modelos Huawei P50 e P50 Pro. Na verdade, essa versão foi preparada para funcionar em mais de 100 dispositivos da Huawei, incluindo tablets e smartwatches.
A segunda versão do sistema também revelou algo que a empresa aparentemente tentou esconder: Ironicamente, o HarmonyOS é baseado no Android (porém sem elementos provenientes do Google).
De qualquer forma, o sistema é capaz de executar aplicativos Android, com exceção possivelmente dos que dependem das APIs Google Mobile Services (GMS) como o Gmail e a Play Store.
Em Julho do ano passado, a Huawei lançou o HarmonyOS 3, que trouxe melhorias na aparência e na proteção da privacidade, além de outras funcionalidades.
Embora a Huawei possa lançar dispositivos usando essa plataforma, eles não terão acesso ao ecossistema do Google. Para a maioria das pessoas, é impensável usar um smartphone Android sem a Play Store, o Gmail, o Google Maps e outros serviços relacionados.
Por outro lado, a Huawei tem a maior base de clientes na China. Lá, o ecossistema do Google tem uma presença mínima no mercado devido ao controle abrangente sobre a internet exercido pelo governo chinês. A aposta da Huawei ultrapassar o iOS na China veio do South China Morning Post, mas a marca vai ter muito trabalho ainda em 2024 pra conseguir alcançar este feito.
Com seu próprio sistema operacional, a Huawei pode atender sua vasta base de consumidores chineses e se libertar da dependência do ecossistema do Google. Mas nada impediria da empresa abrir o mercado e tentar atrair desenvolvedores locais para sua loja de apps.