Recentemente, uma nova polêmica envolvendo a União Europeia e a Apple veio a tona, agora o bloco quer obrigar a Apple a permitir a instalação de apps fora da App Store. E por causa disso, a marca falou esta semana que pode cobrar um imposto sob aplicativos que forem baixados por fora da App Store na União Europeia.
A decisão deixou várias empresas de tecnologia insatisfeitas, como o Spotify e Mozilla, que acusaram a empresa de “extorquir” desenvolvedores com um anúncio segundo eles: “confuso e mentiroso”.
A acusação do Spotify
O CEO do Spotify, Daniel Ek, se pronunciou na sua conta do X (antigo Twitter) e também no blog oficial da empresa. Além de tecer duras críticas ao modo como a Apple está conduzindo a situação, Daniel também classificou como “Extorsão” a nova taxa anual cobrada pela empresa de Cupertino.
Seu comunicado no blog oficial do Spotify pode ser traduzido da seguinte forma:
A Apple não é nada senão consistente. Embora eles tenham se comportado mal por anos, isso leva o nível de arrogância a um lugar totalmente novo. Sob o falso pretexto de cumprimento e concessões, apresentam um novo plano que é uma farsa completa e total. Essencialmente, o antigo imposto se tornou inaceitável sob a DMA (Lei de Mercados Digitais), então eles criaram um novo disfarçado de cumprimento da lei.
Daniel Ek
O Spotify diz que a nova taxa anual de 0,50 centavos de euro por download ou atualização do aplicativo pode aumentar os custos de conseguir clientes em 10 vezes, criando uma situação impossível, já que a taxa é cobrada para sempre, até para usuários que pararam de usar o aplicativo.
Isso é extorsão, pura e simplesmente. Se a Apple já cobra uma comissão de 17% (e 10% por pagamentos recorrentes) sobre bens digitais comprados, por que eles também precisariam cobrar uma taxa fixa anual para cada usuário?
Spotify
Mozilla também questionou
O porta-voz da Mozilla, Damiano DeMonte, mostrou a insatisfação da empresa em comunicado para o The Verge:
Ainda estamos revisando os detalhes técnicos, mas estamos extremamente decepcionados com o plano proposto pela Apple de restringir o recém-anunciado BrowserEngineKit a aplicativos específicos da UE. O efeito disso seria forçar um navegador independente como o Firefox a construir e manter duas implementações de navegador separadas — um fardo que a Apple em si não precisará carregar.
Mozilla
Nesse caso, a Apple vai deixar que navegadores usem seus próprios jeitos de mostrar páginas da web só na União Europeia. Nas outras regiões, os navegadores continuariam só com o WebKit, o que é considerado injusto pela Mozilla, que faz o Firefox.
A resposta da Apple
Em resposta às reclamações, a Apple disse para o 9to5Mac:
Estamos felizes em apoiar o sucesso de todos os desenvolvedores — incluindo o Spotify, que possui o aplicativo de streaming de música de maior sucesso do mundo. As mudanças que estamos compartilhando para aplicativos na União Europeia oferecem opções aos desenvolvedores — com novas opções para distribuir aplicativos no iOS e processar pagamentos.
Cada desenvolvedor pode optar por permanecer nos mesmos termos em vigor hoje. E, sob os novos termos, mais de 99% dos desenvolvedores pagariam o mesmo ou menos à Apple.
Apple
Agora, a União Europeia continua analisando as propostas da Apple enquanto a versão diferente da App Store que deixa instalar aplicativos de outras fontes não é lançada na região.
Pensando nos discursos que foram apresentados nesta semana, é muito provável que o Spotify, Mozilla e outras empresas de tecnologia entrem com ações contra a Apple nos próximos dias.
Por que a Apple está implementando esta taxa?
Toda essa briga está acontecendo por conta de um detalhe: o dinheiro adquirido durante as transações nos aplicativos. Atualmente, todo serviço que você assina, todo aplicativo pago que você compra ou toda transação realizada via app Carteira, por exemplo, fornece uma pequena porcentagem à Apple, via App Store e Apple Pay.
Com a possibilidade dos usuários baixarem e assinarem serviços por fora da Apple Store, a marca deixaria de ganhar uma enorme quantidade de dinheiro. As empresas, por outro lado, deixariam de pagar as taxas atuais mencionadas acima, sob pagamentos recorrentes e bens digitais comprados, cortando despesas e aumentando seus lucros de um modo geral.
Uma coisa é certa: essa briga ainda vai dar muito o que falar. Tudo aconteceu após a União Europeia obrigar a gigante estadunidense a acabar com o monopólio criado em torno da sua App Store, possibilitando os usuários a baixarem e adquirirem bens e apps em outros serviços digitais. Aonde isso vai parar? vamos descobrir nos próximos capítulos.
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